O\nmodo como o psicoterapeuta se envolve com seu of\u00edcio e se relaciona com a\nprosperidade pode ser determinante para o sucesso do seu consult\u00f3rio. As\ndificuldades encontradas para firmar a cl\u00ednica s\u00e3o pistas do que precisamos\namadurecer em n\u00f3s mesmos.<\/strong><\/em><\/p>\n\n\n\n

Diversos fatores concorrem para o engajamento\nprofissional do psic\u00f3logo ou psic\u00f3loga que decide atuar na cl\u00ednica. Os mais\n\u00f3bvios referem-se \u00e0 forma\u00e7\u00e3o e costumam ser resumidos na cl\u00e1ssica f\u00f3rmula\nestudo-supervis\u00e3o-terapia, embora, como veremos, esta formula\u00e7\u00e3o se refira\napenas ao aspecto b\u00e1sico da forma\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Outro grupo de fatores que podem contribuir\npara o engajamento na cl\u00ednica est\u00e1 relacionado a no\u00e7\u00f5es de empreendedorismo,\ntais como vis\u00e3o de neg\u00f3cio, finan\u00e7as b\u00e1sicas, marketing pessoal \u2013 este \u00faltimo\nmuito em voga hoje em dia com o advento das redes sociais e do marketing\ndigital. \u00c0s orienta\u00e7\u00f5es b\u00e1sicas de como iniciar o consult\u00f3rio, tradicionalmente\npassadas na pr\u00f3pria supervis\u00e3o, somaram-se iniciativas voltadas especificamente\npara esta finalidade.<\/p>\n\n\n\n

At\u00e9 aqui nada de novo. A grande maioria das\npessoas est\u00e1 consciente da participa\u00e7\u00e3o destes aspectos no sucesso\nprofissional, ainda que o grau de consci\u00eancia sobre o quanto est\u00e3o (ou n\u00e3o) em\ndia com eles varie consideravelmente. H\u00e1, contudo, um terceiro grupo de\naspectos que, apesar de fundamental, ainda \u00e9 o mais obscuro e negligenciado.\nTrata-se dos aspectos mais sutis que determinam a realidade da vida e que aqui\nse referem ao nosso modo de envolvimento com a profiss\u00e3o. Na verdade, estamos\nfalando de algo que ocorre com todas as pessoas e em rela\u00e7\u00e3o a todas as \u00e1reas\nda vida. A premissa b\u00e1sica \u00e9 a seguinte: independentemente de como esteja minha\nvida, tenho participa\u00e7\u00e3o na determina\u00e7\u00e3o desta realidade. Ora, talvez ningu\u00e9m\nmais do que o(a) psic\u00f3logo(a) precise estar atento a esta realidade e buscando\nalinhar-se a ela, pois afinal trabalhamos com isso o tempo todo. A pergunta,\nportanto, no caso desta reflex\u00e3o, ser\u00e1: qual \u00e9 a situa\u00e7\u00e3o da minha cl\u00ednica e\nqual pode ser a minha responsabilidade nisso?<\/p>\n\n\n\n

Os primeiros aspectos a serem considerados s\u00e3o\nos mais evidentes de forma\u00e7\u00e3o e neg\u00f3cio mencionados acima. Exemplo: a pessoa\nn\u00e3o faz sequer o b\u00e1sico da forma\u00e7\u00e3o e espera se dar bem (envolve-se pouco com o\nestudo ou ent\u00e3o se formou e nunca fez terapia). Ou ainda, a pessoa at\u00e9 faz sua\nparte em termos do b\u00e1sico da forma\u00e7\u00e3o, mas lhe falta uma no\u00e7\u00e3o mais adequada de\ncomo fazer do consult\u00f3rio um neg\u00f3cio.<\/p>\n\n\n\n

Em seguida, precisamos olhar para os demais\nfatores \u2013 e aqui as possibilidades s\u00e3o tantas quanto os casos, pois referem-se\nao destrinchamento de aspectos autobiogr\u00e1ficos, da forma como a negatividade se\nmanifesta em cada um e de facetas da autorresponsabilidade.<\/p>\n\n\n\n

Investiga\u00e7\u00e3o\ndo modo habitual de ser \u00e0 luz da prosperidade<\/strong><\/h4>\n\n\n\n

Se o trip\u00e9 estudo-supervis\u00e3o-terapia responde\napenas pelo aspecto b\u00e1sico da forma\u00e7\u00e3o, o que haveria al\u00e9m dele? O que h\u00e1, em\ness\u00eancia, \u00e9 o modo de envolvimento com a forma\u00e7\u00e3o e as demais coisas da vida\nque podem contribuir com a pessoa e o profissional que sou e que quero ser. H\u00e1\num envolvimento real ou ele \u00e9 apenas formal? Se o modo de envolvimento parece pouco\nimportante, visualise, por exemplo, uma cena \u00edntima a dois com envolvimento. E\nagora outra sem. Voc\u00ea n\u00e3o diria, nesse caso, que envolvimento \u201c\u00e9 tudo\u201d? Em\noutras palavras, quanto que eu realmente gosto de estudar psicologia, de\nampliar minha compreens\u00e3o a respeito das coisas do humano? Quanto estou\ndispon\u00edvel para o outro e disposto a mergulhar fundo na aventura do\nautoconhecimento? Consigo viver um encantamento natural pela exist\u00eancia,\npodendo, dessa forma, aproveitar momentos variados da vida (amigos, eventos,\nfilmes, leituras, etc) para meu engrandecimento pessoal e profissional? Aqui se\ntrata de um misto de envolvimento natural, espont\u00e2neo com compromisso e\ndedica\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Precisamos tamb\u00e9m entender melhor nossa\nrela\u00e7\u00e3o com trabalho e dinheiro (que s\u00e3o duas coisas distintas, embora\nrelacionadas) e isto tem a ver com marcas mais profundas da nossa hist\u00f3ria de\nvida e com as pessoas que foram modelos para n\u00f3s. Vivemos e presenciamos muitas\ncoisas que podem influenciar positiva ou negativamente nossa dimens\u00e3o profissional.\nS\u00f3 aqui j\u00e1 temos um trabalho que \u00e0s vezes se estende por anos, de n\u00e3o apenas\nidentificarmos mas tamb\u00e9m de desmancharmos os n\u00f3s das heran\u00e7as negativas.<\/p>\n\n\n\n

Estas quest\u00f5es t\u00eam rela\u00e7\u00e3o direta com a\npossibilidade de prosperidade, mas n\u00e3o s\u00e3o as \u00fanicas. H\u00e1 toda uma gama de\naspectos que podem influenciar nossos resultados na cl\u00ednica porque se referem\nao modo como a vida nos \u00e9 dada, assim como a gravidade \u00e9 uma lei f\u00edsica \u00e0 qual\nestamos igualmente sujeitos. Isso pode parecer, para algumas pessoas, mais question\u00e1vel\nque os enunciados da f\u00edsica, mas nem por isso \u00e9 menos verdadeiro. Apenas menos\nconhecido e portanto mais misterioso e mais sujeito a preconceitos. Para o\npsic\u00f3logo n\u00e3o deveria soar estranho, pois afinal nosso trabalho parte da\npremissa de que o modo de ser e de se relacionar de uma pessoa tem poder de\ndetermina\u00e7\u00e3o sobre os \u201cresultados\u201d que ela obt\u00e9m na vida. N\u00e3o fosse assim, a\npsicoterapia estaria reduziria ao acolhimento das eternas v\u00edtimas (todos n\u00f3s)\nde situa\u00e7\u00f5es imut\u00e1veis. Vejamos alguns exemplos de como a prosperidade pode se\nmanifestar:<\/p>\n\n\n\n

Honestidade<\/strong>: Quanto realmente sou honesto nas minhas\nrela\u00e7\u00f5es com os outros, comigo mesmo, com dinheiro (o que fa\u00e7o quando o troco\nvem a mais?).<\/p>\n\n\n\n

Integridade<\/strong>: H\u00e1 alinhamento entre o que penso, falo e\nfa\u00e7o? Ou h\u00e1 contradi\u00e7\u00e3o?<\/p>\n\n\n\n

Gratid\u00e3o<\/strong>: Nossos pensamentos e sentimentos tem for\u00e7a\nde irradia\u00e7\u00e3o e de atra\u00e7\u00e3o. Quando estamos vibrando na gratid\u00e3o tudo est\u00e1 certo\ne somos inundados pela abund\u00e2ncia de coisas boas. O contr\u00e1rio nos coloca numa\nvibra\u00e7\u00e3o de escassez, de n\u00e3o reconhecimento do que j\u00e1 temos, reproduzindo isso\nno plano material.<\/p>\n\n\n\n

Cren\u00e7as limitantes<\/strong>: A observa\u00e7\u00e3o atenta dos pensamento e\nsentimentos nos mostra as trilhas que se repetem e pode nos revelar as cren\u00e7as\nque vem limitando nossa prosperidade. Algumas dessas cren\u00e7as podem estar\nimediatamente acess\u00edveis (\u201ccresci ouvindo meu pai dizer que dinheiro s\u00f3 vem com\nmuito sacrif\u00edcio\u201d) ou podem estar invis\u00edveis num primeiro momento (\u201cdepois de\num tempo descobri que eu n\u00e3o conseguia ganhar dinheiro por n\u00e3o confiar em\nmim\u201d). Esta pr\u00e1tica de auto-observa\u00e7\u00e3o \u00e9 fundamental no estudo da nossa\nresponsabilidade em rela\u00e7\u00e3o a como a vida se encontra.<\/p>\n\n\n\n

Pensamentos relacionados a trabalho e\ndinheiro<\/strong>: O que penso e como me sinto quando\nrecebo um pagamento? Costumo me conectar \u00e0 alegria e \u00e0 gratid\u00e3o e desejar que\nnunca falte para esta pessoa que est\u00e1 me pagando? E quando fa\u00e7o um pagamento?\nConsigo pagar com prazer e gratid\u00e3o pelas coisas e servi\u00e7os recebidos?<\/p>\n\n\n\n

Medo da escassez<\/strong>: Como lido com os medos, particularmente os\nde falta e fracasso? Este \u00e9 um fator bastante forte e que frequentemente atua\ncomo impedimento da verdadeira prosperidade.<\/p>\n\n\n\n

Cotidiano profissional<\/strong>: No exerc\u00edcio da profiss\u00e3o, como vivo a\nchegada de um paciente, desde o primeiro contato, depois na entrevista, quando\nele cancela, quando comunica interrup\u00e7\u00e3o? Como lido com o tema dos honor\u00e1rios?<\/p>\n\n\n\n

Presen\u00e7a e conex\u00e3o<\/strong>: Quanto que estou realmente presente durante\nos atendimentos, aqui agora, e conectado com o paciente, com a obra de arte que\n\u00e9 a sess\u00e3o? Aqui a quest\u00e3o do modo de envolvimento do terapeuta se refere \u00e0\npr\u00f3pria sess\u00e3o e \u00e0 exist\u00eancia diante dele, que \u00e9 seu paciente. Esta quest\u00e3o do\nenvolvimento \u00e9 crucial para o bom atendimento mas obviamente precisa ser bem\nentendida para n\u00e3o comprometer o setting. Abordo a quest\u00e3o das habilidades\ndesej\u00e1veis ao psicoterapeuta no artigo \u201cO que espero de um psicoterapeuta\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Compromissos<\/strong>: Honro os compromissos que assumo com os\noutros? E comigo mesmo? Em rela\u00e7\u00e3o ao meu aprimoramento profissional, consigo\nfazer dele algo natural e constante, integrado \u00e0 minha vida sem que precise de\ngrandes esfor\u00e7os para isso? Ou \u00e9 sempre uma luta, um sacrif\u00edcio?<\/p>\n\n\n\n

Ralos de energia<\/strong>: Onde perco energia \u2013 tempo, libido, aten\u00e7\u00e3o?<\/p>\n\n\n\n

Estes s\u00e3o apenas alguns exemplos do que pode\nser abordado num trabalho sobre prosperidade. Lembre-se que aqui o exerc\u00edcio \u00e9\nidentificar as poss\u00edveis rela\u00e7\u00f5es entre as suas dificuldades ou insatisfa\u00e7\u00f5es\nprofissionais e as causas delas vindas de voc\u00ea mesmo. \u00c9 um exerc\u00edcio de\nautorresponsabilidade \u2013 essa mesma autorresponsabilidade que poder\u00e1 transformar\nsua realidade insatisfat\u00f3ria.<\/p>\n\n\n\n

Quando iniciei o Aprimore, em 2008, um dos\npilares da proposta de trabalho era a prosperidade na forma do \u201cdar e receber\u201d,\nque foi aplicada assim: \u201cidentifico em mim meu valor \u2013 aquilo que tenho a\noferecer e que quero oferecer \u2013 e verdadeiramente o coloco \u00e0 disposi\u00e7\u00e3o do\nmundo, e desta forma as pessoas que necessitam disso que eu tenho para dar\npodem chegar\u201d. Ao me colocar nesta sintonia, ponho em movimento uma energia\ncircular que retorna para mim aquilo que necessito. Mas s\u00f3 funciona se partir\nde um intento vocacional verdadeiro de doa\u00e7\u00e3o. N\u00e3o funciona (pelo menos comigo\ne nesta escola) quando acontece como barganha com o universo, com vistas apenas\nno retorno. Mas isso tamb\u00e9m n\u00e3o quer dizer que n\u00e3o posso desejar o retorno;\napenas preciso confiar que ele vir\u00e1 (porque estou fazendo tudo que me cabe e\nporque a natureza funciona assim) e me desapegar. Desta forma, o dinheiro que\nnecessitamos vem. Quando atendo uma pessoa que pode pagar pouco, vem outra que\npode pagar pelas duas.<\/p>\n\n\n\n

Muito do que temos visto em termos de uma\nprocura desenfreada (para n\u00e3o dizer desesperada) por pacientes e de um grande\ninc\u00f4modo quanto \u00e0 desvaloriza\u00e7\u00e3o da psicologia tem rela\u00e7\u00e3o direta, acredito,\ncom o est\u00e1gio em que n\u00f3s mesmos nos encontramos no que se refere ao alinhamento\ncom o fluxo da abund\u00e2ncia na vida e com a verdadeira apropria\u00e7\u00e3o do nosso\nvalor. N\u00e3o podemos exigir da vida, dos pacientes e da sociedade o retorno de\nalgo que n\u00f3s mesmos ainda n\u00e3o somos capazes de nos dar. Esta \u00e9 a base da\nescassez na psicologia, seja no consult\u00f3rio, seja no modo como \u00e9 vista de fora.\nTermino com um convite e um incentivo real: se dentro de voc\u00ea arde o anseio de\natuar desta forma a servi\u00e7o do mundo mas voc\u00ea receia n\u00e3o conseguir viver disso\nou efetivamente est\u00e1 encontrando dificuldades para crescer profissionalmente,\nlembre-se que mergulhar fundo no ser com a firme inten\u00e7\u00e3o de transformar o que\nn\u00e3o est\u00e1 bom e assim manifestar sua voca\u00e7\u00e3o de forma mais plena poss\u00edvel \u00e9 por\nexcel\u00eancia tarefa do psicoterapeuta, ent\u00e3o nada melhor do que come\u00e7ar consigo\nmesmo. E melhor n\u00e3o perder tempo: o mundo nunca precisou tanto de n\u00f3s quanto\nagora.<\/p>\n\n\n\n

No pr\u00f3ximo artigo abordarei os aspectos da\nnegatividade que nos mant\u00e9m amarrados impedindo a autorrealiza\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

26\/08\/17 \u2013 Em homenagem ao Dia dos Psic\u00f3logos<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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